É tanto o silêncio que fiquei sem palavras. É tão grande o vazio que me desinteressei pela vida.
Sento-me na soleira da porta dos dias que passam à espera do inesperado e ele não vem. Passam os dias iguais, vazios, desinteressantes. Ponho-lhes coisas pequenas para os encher mas o vazio é sempre maior, ocupa sempre mais espaço, mais tempo.
Às vezes fico à janela dos dias que passam, protegida atrás dos vidros porque quase desisti de ver chegar o inesperado. Se chegasse acho que chorava. Sinto que lágrimas brotariam dos meus olhos e eu, sem palavras, teria vontade de lhe dizer que veio tarde, que agora o vazio se encheu de tristeza, uma tristeza que tranca a garganta, impede que saiam as palavras e torna o inesperado indesejado.
Sei que, como outros, fico triste, curto a tristeza, cultivo-a na esperança de ver premiado o meu sofrimento com a recompesa de ver realizados os meus desejos. Como se o sofredor, por pena, merecesse da vida um rebuçado. Mas, a vida não tem condescendência com os tristes, ela não acontece aos chorões, acontece quando e a quem tem que acontecer, e se não é a mim de que me vale ser chorona? A vida não se compadece com mimos.
Então tenho que sacudir o pêlo, levantar-me e seguir em frente, com as feridas lambidas, enfrentando novos desafios que não curam as feridas antigas mas abrem espaço para novas.
So help me God!
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