3 de jun. de 2009

Declaro abdicar temporariamente do direito à crítica


Não consultei os astros, os amigos abstiveram-se (!!?), a família votou contra e eu votei em branco...
Não sei que resultado teria isto em eleições mas por agora a resposta é NÃO.

Todos os argumentos a favor da candidatura à Junta de freguesia continuam válidos. Sei que me vou sentir muito mal comigo mesma por não aceitar o desafio e a oportunidade de fazer algo, de participar, de poder agir antes de criticar.
Mas, os argumentos contra falaram mais alto. O meu sábio de serviço, meu amor e meu marido, achou que não devia aceitar. Por um lado, a opinião dele é muito importante para mim e por outro, os argumentos dele são convincentes e eu partilho deles:
- a nossa vida acaba de sair de um período tumultuado e difícil, destrutivo e cansativo. Não sucumbimos porque temos o grande privilégio de ser um casal unido numa estrutura forte. Estamos a gozar dos primeiros tempos de descanso e realmente temos o direito (e o dever como casal) de parar e recuperar energia;
- temos projectos pessoais de vida que requerem uma dedicação muito forte e que não se compadecem com distracções
- embora continue a acreditar que no poder local o que contam são as pessoas, dou valor à congruência. Não é congruente dar a cara e lutar pelo projecto de um partido de cujos ideais não partilho e cujas opções até critico. Temo que mais cedo ou mais tarde o confronto ou a ruptura seriam inevitáveis.
- gosto de fazer o meu melhor pelos projectos a que me dedico com verdadeira convicção e talvez neste caso não estejam reunidas as condições para que isso acontecesse.
- pressinto que o sistema acaba sempre por esmagar até os melhor intencionados e isso seria frustrante

Quando disse a R. que a minha resposta era NÂO, ele não quis aceitar e propôs-me que continuasse como cabeça de lista, escolhesse para 3º da lista a pessoa que eu indicaria como bom presidente e depois abdicava a favor dele !!!!!
Se ainda haviam dúvidas no meu espírito, elas dissiparam-se perante esta proposta.
Aqui estava um exemplo dos caminhos tortuosos da pequena política, os desvios, os atalhos, as guinadas do caminho do poderzinho local: dar a cara e pedir que confiem em nós e logo no primeiro momento trair essa confiança.
Não é isso que procuro, não é isso que quero.

Vou ficar triste e quem sabe até arrepender-me mas vou continuar em busca de caminhos de serviço mais congruentes com as minhas convicções e com os meus valores.

Nenhum comentário: