14 de ago. de 2020

envolta na própria teia



Não me consigo mexer !!! 

Olho para mim e vejo uma rede tecida de palavras.

Leio fios de palavras em que me foco aleatoriamente. Reconheço a minha escrita.

Por fim percebo que estou presa numa história que eu própria criei. Com o tempo incorporei uma das personagens e percebo que só me liberto se encontrar um saída a partir da própria narrativa, uma ponte para uma realidade onde me encontre a mim, deixando para trás a personagem. Lembro-me de Pessoa e temo que tenha razão, que no fim a mascara esteja colada à cara !?

Eu criei as personagens, dei-lhes vida. Dei-lhes qualidades e defeitos, dei-lhes características e idiossincrasias, dei-lhes medos, dei-lhes pavores, dei-lhes coragens. Dei-lhes sombras, dei-lhes luz. Dei-lhes responsabilidades, dei-lhes culpas e desculpas. Dei-lhes vida.

Quando quis fechar a história não consegui. Eu estava dentro dela  e dentro dela me fechava a mim.

Agora estou condenada a escrever caminhos que possa percorrer em direcção a um horizonte novo, do lado de fora. se soube criar a história tenho agora que saber criar a saída, a ponte, a fuga. uma vez lá fora prometo que a fecho.

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