Só concebo uma forma de sarar feridas, apagá-las.
Sempre cultivei o radicalismo dos impossíveis mas não sabia o verdadeiro significado de impossível. E acho que ainda não aprendi.
Sofro com o que é impossível mas isso para mim é uma contradição porque se eu aceitasse a impossibilidade eu não sofria. O sofrimento está na esperança de que o impossível não o seja porque se eu aceitasse que o é não sofria. Tudo o que nos faz sofrer é a esperança, essa mesma que nos faz sair do ciclo de sofrimento...
Perguntaram-me hoje se fiz o luto (pelo meu pai). Não sei fazer luto, não sei aceitar perdas. É como se até para a morte houvesse esperança de retorno.
Diz-se que o ser humano vive sem quase tudo, só não vive sem esperança. Concordo. Mas... também morro um pouco sempre que mantenho a esperança porque só tem esperança quem não tem o que ou quem espera ter e a espera sem ter conduz, por força do próprio conceito, ao desespero. O desespero é o fim da linha, a consequência última. O problema é que não morremos inteiros, morremos por partes, numa lepra da alma, que vai soltando as extremidades até ficar um tronco amalgamado....
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